quinta-feira, 24 de julho de 2008

O menino da praça

Era uma tarde de segunda-feira com sol, o inverno já havia se despedido da cidade, mas um vento frio ainda soprava de leve. Sentamos numa praça ao lado de uma avenida movimentada. E depois do cinema, no desenrolar das horas antes de partir, o menino abriu seu livro, cheio de poemas e músicas.

Essas poucas horas fizeram com que conhecesse um lado do menino que somente eu conheço. E que ninguem mais conheceu dali pra frente. Seus sonhos, suas loucuras, seu sorriso e sua cor ficaram marcadas no banco daquela praça. Toda vez que passo por lá encontro um pedaço dele e uma parte desta história.


Hoje o menino cresceu, uns dizem que virou sambista, outros dizem que ele ainda não cresceu. A verdade é que ele conheceu o samba, também conheceu a umbanda, e saiu por aí a se procurar. No meio de seu caminho colheu muitos frutos, tropeçou em várias pedras, machucou e foi machucado, viveu.


Difícil mesmo é encontrar o verdadeiro menino da praça nos dias de hoje. A dor ficou e o amor passou. De tudo fica apenas uma certeza, a de que naquela tarde eu realmente o conheci.

Um comentário:

. disse...

Que beleza, Naty!
E não é apenas uma expressão, tipo "beleza?", como quem diz um "oi". Não! É beleza no sentido literal, de belo, mesmo! E o belo realmente não se encontra no visual, na aparência das coisas. O verdadeiro belo está na essência das coisas, no que se sente, no que não há razão, no que provoca arrepio só de pensar!
Lembrei de um menino assim, ao ler tua postagem. E arrepiei-me!
E isso é beleza!

Beijo da Soninha