quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Mordendo a língua com os bons amigos

Agora chegou a hora de morder a língua com as amizades. Rá! E essa mordida foi violenta, quase fiquei sem língua. Por isso essa mordida ainda vai aparecer muito por aqui. Essa é uma daquelas mordidas que deixa uma dor mais forte que o amor...

Começo a mordida das amizades ao som de Barão Vermelho!


Mordendo a língua com Drummond

Dizem que este texto é de Carlos Drummond de Andrade. Não sei se ele realmente é o verdadeiro autor. Só sei que ele é mais uma das coisas que fizeram com que eu mordesse minha própria língua.

Pois é, hoje começo aqui uma série de desabafos. Diretos ou indiretos, tanto faz. O fato é que eles vão ser como EU quiser, porque este espaço é meu! O ano tá acabando, e se eu pensei que 2009 tinha me ensinamo muito também mordi a língua, pois 2010 me ensinou muito mais! E me ensinou em todos os aspectos da vida: amor, amizades, família, dinheiro, ensino, profissão, etc.

Então começo mordendo minha língua com Drummond!


Ter ou não ter namorado


Quem não tem namorado é alguém que tirou férias remuneradas de si mesmo. Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia. Paquera, gabira, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão é fácil. Mas namorado mesmo é muito difícil. Namorado não precisa ser o mais bonito, mas ser aquele a quem se quer proteger e quando se chega ao lado dele a gente treme, sua frio, e quase desmaia pedindo proteção.
A proteção dele não precisa ser parruda ou bandoleira:
basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição.
Quem não tem namorado não é quem não tem amor: é quem não sabe o gosto de namorar. Se você tem três pretendentes,
dois paqueras, um envolvimento, dois amantes e um esposo; mesmo assim pode não ter nenhum namorado. Não tem namorado quem não sabe o gosto da chuva, cinema, sessão das duas,
medo do pai, sanduíche da padaria ou drible no trabalho.
Não tem namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar lagartixa e quem ama sem alegria.

Não tem namorado quem faz pactos de amor apenas com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com a felicidade,
ainda que rápida, escondida, fugidia ou impossível de curar.

Não tem namorado quem não sabe dar o valor de mãos dadas,
de carinho escondido na hora que passa o filme, da flor catada no muro e entregue de repente, de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou Chico Buarque, lida bem devagar, de gargalhada quando fala junto ou descobre a meia rasgada, de ânsia enorme de viajar junto para a Escócia,
ou mesmo de metrô, bonde, nuvem, cavalo, tapete mágico
ou foguete interplanetário.

Não tem namorado quem não gosta de dormir, fazer sesta abraçado, fazer compra junto. Não tem namorado quem não
gosta de falar do próprio amor nem de ficar horas
e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele;
abobalhados de alegria pela lucidez do amor.

Não tem namorado quem não redescobre a criança
e a do amado e vai com ela a parques, fliperamas,
beira d’água, show do Milton Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos ou musical da Metro.

Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos, quem não se chateia com o fato de seu bem ser paquerado. Não tem namorado quem ama sem gostar; quem gosta sem curtir; quem curte sem aprofundar. Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada ou meio-dia do dia de sol em plena praia cheia de rivais.

Não tem namorado quem ama sem se dedicar, quem namora sem brincar, quem vive cheio de obrigações; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele. Não tem namorado que confunde solidão com ficar sozinho e em paz.
Não tem namorado quem não fala sozinho, não ri de si mesmo
e quem tem medo de ser afetivo.

Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando 200Kg de grilos e de medos. Ponha a saia mais leve, aquela de chita, e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesma e descubra o próprio jardim. Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela. Ponha intenção de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada.
Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteio.

Se você não tem namorado é porque não enlouqueceu aquele pouquinho necessário para fazer a vida parar e,
de repente, parecer que faz sentido.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

POEMA DA SAUDADE

Em alguma outra vida, devemos ter feito algo muito grave, para sentirmos tanta saudade...
Trancar o dedo numa porta doí.
Bater o queixo no chão doí.
Doí morder a língua, cólica doí, doí torcer o tornozelo.
Doí bater a cabeça na quina da mesa, carie doí, pedras nos rins também doí.
Mas o que mais doí é a saudade.
Saudade de um irmão que mora longe.
Saudade de uma brincadeira de infância.
Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais.
Saudade do amigo imaginário que nunca existiu.
Saudade de uma cidade.
Saudade de nós mesmo,o tempo não perdoá.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama.
Saudade da pele, do cheiro, dos beijos.
Saudade da presença, e até da ausência consentida.
Você podia ficar na sala e ele no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá.
Você podia ir para o dentista e ele para a trabalho, mas sabiam-se onde.
Você podia ficar sem vê-lo, e ele sem vê-la, mas sabiam-se amanhã.
Contudo, quando o amor de um acaba, ou torna-se menor no outro
Sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.
Saudade é basicamente não saber.
Não saber se ele continua fungando num ambiente mais frio.
Não saber se ele continua sem fazer a barba por causa daquela alergia.
Se aprendeu a entrar na internet,se aprendeu a ter calma no trânsito.
Se continua preferindo cerveja a uísque(e qual a cerveja)
Se continua sorrindo com aqueles olhos apertados,e que sorriso lindo.
Será que ele continua cantando aquelas mesmas musicas tão bem(ao menos eu admirava)?
Será que ele continua fumando e se continua adorando Mac Donald's?
Será que ele continua não amando os livros, e ela cada vez mais?
E continua não gostando de dar longas caminhadas,e ela não assistindo televisão?
Será que ele continua gostando de filmes de ação,e ela de chorar em comédias.
Será que ela continua lendo os livros que já leu?
Será que ele continua tossindo cada vez que fuma?
Saber é não saber mesmo!!!
Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais longos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento.
Não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.
Saudade é não querer saber se ele está com outra,e ao mesmo tempo querer.
É não saber se ele está feliz,e ao mesmo tempo perguntar a todos os amigos por isso...
É não querer saber se ele está mais magro, se ele está mais belo.
Saudade é nunca mais saber de quem se ama e ainda assim doer.
Saudade é isso que senti (e sinto) enquanto estive escrevendo e o que você (deveria)
provavelmente estar sentido agora depois que acabou de ler.”
Quem inventou a distância nunca sofreu a dor de uma saudade!!!

Martha Medeiros

"Despedir-se de um amor é despedir-se de si mesmo. É o arremate de uma história que terminou, externamente, sem nossa concordância, mas que precisa também sair de dentro da gente."

Martha Medeiros

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Da felicidade...

Quem me conhece e faz parte da minha vida sabe que nos últimos dias a coisa não tem sido fácil. Na verdade não só nos últimos dias, mas este ano em si não está sendo NADA fácil. Porém parece que de umas semanas pra cá a coisa virou de cabeça pra baixo....

Mas nada de chorumelas, segue-se o baile, dançarei conforme a música, feliz daqueles que tem força para suportar os problemas da vida, infelizes aqueles que não tem coragem. Sabe aquela velha máxima do "não tenho tudo o que amo, mas amo tudo o que tenho"? É bem por aí... Fico com Clarice Liscpector, pois chorar e se machucar também faz parte da felicidade!


Natália tomou uma dose de Clarice Lispector
...
´As pessoas mais felizes não
têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor das
oportunidades que aparecem
em seus caminhos.
A felicidade aparece para
aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam
e tentam sempre.´

OBS: Dedico este post a querida amiga Liege Freitas (ela sabe o "porquê") e a minha mãe!